segunda-feira, 10 de junho de 2013

I Encontro de História - PUBLICAÇÃO LIVRO

I ENCONTRO DE HISTÓRIA – MEMORIAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO RS
“ESPAÇOS DE SABER E PODER: INSTITUIÇÕES E SEUS AGENTES NA PERSPECTIVA DA HISTÓRIA SOCIAL” (05 e 06 de junho de 2013 – Auditório do Memorial do MP)

CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO - LIVRO DO EVENTO


Caros colegas!

Novamente agradecemos a sua participação no evento! Os trabalhos apresentados foram muito bem avaliados e instigaram vários debates, contribuíram para boas reflexões e para congregar os participantes do encontro. 

Nossa avaliação é que, tendo em vista a qualidade dos trabalhos, a publicação será em livro no formato digital, ao invés de submetê-lo ao formato de anais eletrônicos. O livro terá o título do evento “Espaços de saber e poder: instituições e seus agentes na perspectiva da História Social”. Assim, solicitamos a todos que participaram – ouvintes ou palestrantes – que enviem seus trabalhos para que possam fazer parte da publicação.


Tendo em vista a alteração do formato da publicação, informamos:

- aos comunicadores: texto de 7 a 10 páginas, com bibliografia;
- aos palestrantes: texto de 9 a 15 páginas, com bibliografia;
- data limite para entrega do artigo:  23.08.2013.

O envio do artigo, em formato DOC ou RTF, para os seguintes e-mails: 

contato@historiasocialecomparada.org 
memorial@mp.rs.gov.br

Contamos com sua participação!
Organização do I Encontro de História – Memorial do MP.

Demais recomendações (normas ABNT):

Times New Roman - tamanho 12 - espaçamento entre linhas de 1,5.
Citações:
1. até três linhas: manter no corpo do texto entre aspas, sem negrito e/ou itálico;

2. mais de três linhas: espaçamento anterior e posterior à citação de 12pt, recuo de 4 cm a partir da margem esquerda, fonte tamanho 10, espaçamento entre linhas simples.

3. a referência aos autores mencionados ao longo do texto será feita mediante o uso das regras da ABNT, sistema autor-data. Por exemplo: (Waltz, 1979). Se houver menção de texto específico, a página deverá constar no formato: (Waltz, 1979, p. 46).

4. no caso de haver mais de uma publicação do mesmo autor com a mesma data, a referência deve ser ordenada alfabeticamente da seguinte forma: (Cepik, 2009a); (Cepik, 2009b);

As referências bibliográficas completas das obras mencionadas serão apresentadas ao final do trabalho e devem estar de acordo com as regras da ABNT.

I Encontro de História - Nota sobre o evento


I ENCONTRO DE HISTÓRIA – MEMORIAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO RS
“ESPAÇOS DE SABER E PODER: INSTITUIÇÕES E SEUS AGENTES NA PERSPECTIVA DA HISTÓRIA SOCIAL” (05 e 06 de junho de 2013 – Auditório do Memorial do MP)


Nota sobre o evento (site Ministério Público do RS)

http://www.mp.rs.gov.br/noticias/id32127.htm


Demais fotografias do evento 







sábado, 1 de junho de 2013

I ENCONTRO DE HISTÓRIA – MEMORIAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO RS - RESUMOS COMUNICAÇÕES SELECIONADAS



I ENCONTRO DE HISTÓRIA – MEMORIAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO RS
“ESPAÇOS DE SABER E PODER: INSTITUIÇÕES E SEUS AGENTES NA PERSPECTIVA DA HISTÓRIA SOCIAL” (05 e 06 de junho de 2013 – Auditório do Memorial do MP)

RESUMOS COMUNICAÇÕES SELECIONADAS


DIA 06.06 – 9h30min às 12h10min

SALA A - ANFITEATRO DO PALÁCIO DO MP

Coordenador: Laboratório de História Social e Comparada

Espaços de Poder I: Saúde
  

    1. O Protomedicato espanhol e o controle das artes de curar como reflexo da centralização do Estado.

Roberto Poletto (Unisinos) (9h30min)




Nesta comunicação nos propomos a apresentar alguns aspectos sobre o funcionamento do Protomedicato da Espanha, órgão fundado em 1589 e responsável pelo controle das profissões ligadas às artes de curar. Nossa principal fonte para a realização do trabalho é a “Recopilacion de las Leyes, Pragmáticas Reales, Decretos, y Acuerdos del Real Proto- Medicato” (1751) onde foram compiladas todas as leis ligadas ao controle das práticas médicas criadas entre os séculos XV e XVIII. Através da análise das leis pode-se perceber que, desde o surgimento do órgão até o século XVIII, quando já estava firmado, o que se estava buscando era a centralização do controle e a padronização das práticas. Nesse trabalho, interessa-nos demonstrar como a instituição Protomedicato traduziu os intentos de centralização do Estado espanhol e que esse objetivo, que teve seu apogeu na figura do monarca ilustrado Carlos III esteve em curso desde a formação da Espanha ao final do século XV. Já no ano de 1496, uma pragmática dos reis católicos Fernando e Isabel determinava que: “ningunas personas de quaquier estado, condicion, ò dignidad, ò preheminencia que sean, no sean osados de dar, ni conferir grados algunos de Doctores, Maestros, ni Licenciados, ni Bachilleres en Ciencias, ni en Artes, ni Facultades algunas [...]” (RECOMPILACION […], 1751, p. 117, 118) As intenções do Estado espanhol, no entanto, esbarraram muitas vezes em costumes locais, práticas arraigadas e interesses pessoais dificultando a centralização do controle e a padronização das práticas. Em 1593, Felipe II lançou uma pragmática buscando padronizar o preparo dos medicamentos no reino, porém, em 1739 Don Joseh Cervi, presidente do Protomedicato, lançou lei com o mesmo intento o que demonstra que muitas dessas leis viravam “letras mortas” e que a Reforma Ilustrada de Carlos III foi parte de um longo processo vivido pelo Reino de Espanha. 

  2.  O Brasil não é assim, ele está assim”: Medicina Social, Modernidade e Enquadramento na República Velha (1870-1930).
Alex Oestreich de Mello (FAPA) (9h40min)

Currículo Lattes: não disponível



O presente trabalho é o resultado de uma pesquisa que teve como tema a medicina social e sua relação com as modificações na estrutura político-social e de poder no Brasil ao longo da República Velha. Nesse período, o país passa por profundas modificações a nível estrutural advindas de uma conjuntura interna de desmonte das antigas relações político-econômicas, ideológicas e sociais. Bem como assiste a sua inserção no âmbito do capitalismo internacional em expansão a partir da segunda revolução industrial. Com isso, haverá a disputa entre as diversas classes ascendentes em razão de seu aparelhamento ao nível do estado e da possibilidade de orientar as modificações que estão em curso nos campos político, econômico, social e ideológico. A Medicina Social foi o meio pelo qual efetuou-se enquadramento da população à nova configuração politica, econômica e social, na qual o autoritarismo e as teorias cientificistas europeias formaram a base de sustentação para a higienização, disciplina e organização dos sujeitos de acordo com a lógica das novas relações sociais emergentes. Tornando-se estratégia política da classe dominante.

    3. Ações de saúde pública em Santa Maria-RS como um processo de formação de poder.

Daiane Silveira Rossi (UFSM) (9h50min)

Beatriz Teixeira Weber (UFSM) (9h50min)




No Brasil, a Saúde Pública surge enquanto um ramo de ação institucional em meados do século XIX, quando começam os debates sobre qual o papel do governo junto ao processo de melhoramento sanitário das cidades e do país. Entretanto, essas ações eram mais visíveis nos meios urbanos, através da modificação dos espaços; enquanto ainda haviam muitos problemas no que diz respeito do socorro aos males da população, sobretudo, quando era acometida por doenças.

A partir desta perspectiva da Saúde Pública enquanto um campo de atuação do Estado perante a sociedade sendo, dessa maneira, um campo político, busca-se compreender como as ações desta instituição governamental implicaram em termos urbanísticos, higiênicos e de prevenção na sociedade santa-mariense do início do século XX. Tema este que será abordado com maior profundidade na dissertação de mestrado, a qual está em sua fase inicial de pesquisas. Para esta comunicação, optou-se por fazer um recorte que aborde apenas o estudo sobre como se deu o processo de formação do poder público enquanto atuante na área de saúde.

Tendo em vista que no início da década de 1910, Santa Maria passou por uma epidemia de peste bubônica, causando mais de 20 mortes em menos de dois meses. Esta doença, fruto de um despreparo das autoridades em termos de saúde e prevenção, obrigou a intendência municipal a adotar medidas urgentes no que diz respeito aos cuidados com a população.
 
     4. Posto de higiene x moradores de Caxias: Resistências e reações ao regulamento do Departamento Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul.
Cristiano Enrique de Brum (Unisinos) (10h)




A Reforma da Saúde Pública de 1938, bem como a aceitação de seu Regulamento, não se deu de sem conflitos no Rio Grande do Sul. Em algumas cidades do estado surgiram resistências e reações às exigências sanitárias do Departamento Estadual de Saúde, que procurava padronizar um sistema distrital de saúde e controle sanitário. Tais conflitos, noticiados na imprensa colocaram frente a frente membros das comunidades e as autoridades sanitárias. Na cidade de Caxias, os comerciantes varejistas, agremiados na “Associação dos Comerciantes”, procuraram o posto de higiene local na tentativa de negociar o cumprimento das exigências do estado de acordo com a realidade local. O debate se estendeu por semanas, exigindo atenção, além das autoridades locais, do diretor geral do Departamento Estadual de Saúde, o médico Bonifácio Costa e do Interventor Cordeiro de Farias. Os ânimos foram conciliados pelas autoridades, satisfazendo os negociantes caxienses, entretanto, a situação desencadeada já havia colocado sob suspeita a eficácia e validade do código sanitário estadual e de seus inspetores.
     
     5. Instituições espíritas e suas ações sociais: a Sociedade Espírita Feminina Estudo e Caridade, Santa Maria – RS, décadas de 1940 e 1950.
Bruno Cortês Scherer (UFSM) (10h10min)




A promoção de ações sociais por grupos e instituições religiosas no Brasil remonta ao período colonial quando se constitui um modelo assistencial baseado nas ações das Santas Casas de Misericórdia, que tinham o privilégio dos serviços assistenciais para os pobres, doentes e crianças abandonadas. Ao longo do século XIX esse modelo começou a se alterar progressivamente com o ingresso do Estado nas ações de saúde pública junto de iniciativas pontuais de inserção da medicina experimental e incentivos filantrópicos.            

Apesar disso, as ações de caridade católicas mantiveram uma atuação importante, assim como outros grupos religiosos, sobretudo, após o advento do regime republicano. Foi neste contexto que o espiritismo kardecista se difundiu amplamente no Brasil em torno de uma perspectiva caritativa que estimulou a organização de diversas instituições beneficentes voltadas ao atendimento de populações desassistidas.

Esta comunicação apresenta as reflexões iniciais de uma pesquisa que tem como foco de análise as ações sociais desenvolvidas pelo movimento espírita na região central do Rio Grande do Sul, notadamente, nas áreas da saúde, educação e assistência social. Mais especificamente, analisam-se as ações desenvolvidas por uma das principais instituições espíritas da cidade de Santa Maria, a Sociedade Espírita Feminina Estudo e Caridade, considerando sua fundamentação nas disposições doutrinárias do espiritismo.

Concentrando a análise nas décadas de 1940 e 1950, e tomando como fontes de pesquisa a documentação institucional e periódicos da imprensa local, almeja-se compreender as formas de inserção e difusão dessa perspectiva religiosa na região. Nesse sentido, consideram-se suas relações com diferentes segmentos da sociedade local, especialmente, àquelas referentes ao campo religioso como um espaço diversificado e de concorrência entre diferentes agentes. 

Espaços de Poder II: Instituições, Direito e Justiça
 
   6. A câmara municipal e os expostos: a caridade e a filantropia na administração pública do abandono em Porto Alegre (1772-1822).

Jonathan Fachini da Silva (Unisinos) (11h)




A historiografia acerca do abandono infantil tem apontado à escassez de trabalhos em localidades onde não havia instituições de acolhimento dessas crianças. Refiro-me as Rodas de expostos, que ficaram restritas aos grandes centros demográficos no período colonial. É o caso da Freguesia Madre de Deus de Porto Alegre, que apenas em 1838 teve uma Roda aglutinada a Santa Casa de Misericórdia. Entretanto, o fenômeno do abandono infantil nesta freguesia estava presente desde sua formação, e nestes casos a Câmara Municipal era a principal responsável pela criação e vestuário dessas crianças expostas.  Neste sentido este trabalho pretende explorar como a Câmara de Porto Alegre procurou enfrentar essa questão logo nos anos inicias de formação, antes de tornar-se vila em 1810. A criação de expostos as vezes pelos próprios vereadores se tornou um negócio que garantia prestigio para alguns e sustento para outros. É justamente as ações da Câmara em conformidade com as ações caritativas de particulares que podemos esclarecer questões acerca da criação desses sujeitos abandonados e como foram inseridos ou excluídos numa sociedade pautada no Antigo Regime. Por meio de um cruzamento nominativo de fontes - registros paroquiais e termos de vereança - e os métodos quantitativos da Demografia Histórica, nos viabilizou o acesso à História Social e História da Família.

    7. Manda quem pode, obedece quem tem juízo”: Os registros paroquiais como fontes de acesso as relações de poder numa Porto Alegre de Antigo Regime (1772-1822).

Denize Terezinha Leal Freitas (UFRGS) (11h10min)       




O presente trabalho pretende abordar os registros paroquiais da Freguesia Madre de Deus de Porto Alegre como fontes que permitem perceber o importante espaço de afirmação das relações de poder estabelecidas numa sociedade luso-brasileira baseada no modo de viver do Antigo Regime. Essa orientação social estabelecia a família como o pilar central e a ela se relacionava os setores socais, políticos e jurídicos. Por este viés, a Igreja ganhava o papel de normatizadora social e moral, através padroado régio constituindo um cenário para as relações de poder dos diferentes atores sociais. No que tange ao panorama teórico metodológico nos valeremos dos estudos referentes ao tema, tendo como inspiração Fragoso (2001), Faria (1998), Kühn (2006) entre outros autores que trabalham sobre esta perspectiva de Antigo Regime nos trópicos. Tendo em vista também, que o nosso fio condutor por estes registros de casamento, batismo e óbito serão conduzidos pelos auspícios da onomástica e da escala micro-analítica. Pretende-se de modo geral, mostrar o quanto os registros paroquiais são vitrines – por excelência – para o historiador observar as relações de poder, tendo como eixos centrais a abordagem, à partir, da História Social, das Famílias e das Populações.

    8. A “desonra” feminina: uma “verdade” ou uma construção dos Operadores do Direito nos processos de defloramento em Caxias do Sul na primeira metade do século XX?

Elizete Carmen Ferrari Balbinot (Unisinos) (11h20min)




A presente comunicação objetiva refletir sobre o comportamento das mulheres caxienses (1900 – 1950) que transgrediram as normas apregoadas pela conduta moral e social. Elas, quando seduzidas/defloradas e, abandonadas buscaram restabelecer a honra perdida através da abertura de ações judiciais respaldadas pelos Códigos Penais de 1890 e 1940 e pelo Código Civil de 1916. A reparação da honra idealizada por elas, geralmente, esteve associada ao casamento e/ou pagamento do dote por parte do sedutor ou a aplicação da penalidade de detenção ao deflorador. Entretanto, houve casos em que algumas mulheres ao buscar no Poder Judiciário a reconstrução da sua vida social, foram interpretadas conforme os interesses de quem detinha o poder. As pistas e os indícios observados através da leitura de processos judiciais de defloramento permitem estabelecer alguns questionamentos sobre os desdobramentos que as ações judiciais impetradas pelas mulheres que ousaram transgredir as regras instituídas pela moral social colaboraram para a produção, transformação e a reprodução de preconceitos às relações sexuais. Portanto, a partir da leitura nas fontes históricas referidas acima e com as abordagens oferecidas pela micro-história buscamos compreender como o discurso dos Operadores do Direito foram se moldado e adequando para atender às necessidades da sociedade e o modo que operaram sobre os grupos de indivíduos com comportamentos considerados desviantes.

      9. Metodologia e fontes para análise da penitência feminina Madre Pelletier.

Débora Soares Karpowicz (PUCRS) (11h30min)




O presente trabalho tem como objetivo apresentar as metodologias e as fontes que serão cotejadas para análise do processo que cerca a história da Penitenciária Feminina Madre Pelletier, no Estado do Rio Grande do Sul. A partir do entendimento da dinâmica social do período histórico compreendido entre o início das tratativas para sua fundação (1936) pelas Irmãs do Bom Pastor d’Angers e sua destituição (1981). Procurar-se-á compreender tanto as razões que levaram o governo do Estado do Rio Grande do Sul a recorrer aos serviços da casa Provincial das Irmãs do Bom Pastor d’ Angers, designando a elas a obra de assistência às internas, quanto a supressão da administração das irmãs e restituição ao Estado, passando esta a ser administrada somente pela Superintendência de Serviços Penitenciários do RS (SUSEPE).


    10. A Rede dos Diários Associados no Rio Grande do Sul: A disputa judicial pelas cotas das Rádios Farroupilha, Difusora e do Jornal A Razão na década de 1940.

Daniel Augusto Pereira Marcilio (UFRGS) (11h40min)




Na historiografia sobre a imprensa brasileira, tornou-se clichê utilizar como principal fonte de análise apenas os próprios jornais. Os periódicos seriam, portanto, a expressão máxima para criticar e avaliar a trajetória da imprensa no Brasil. Tal abordagem ignora várias outras maneiras existentes para problematizar essa história. Outras fontes também podem e devem ser utilizadas, como, por exemplo, arquivos judiciais que dizem respeito a empresas de comunicação.
A proposta deste trabalho é abordar aspectos da história da mídia a partir de fontes do Poder Judiciário. Em específico, será discutida a consolidação da Rede dos Diários Associados no Rio Grande do Sul. Nos anos 1940, o grupo adquiriu cotas de importantes empresas gaúchas: a Rádio Farroupilha, a Rádio Difusora e o Jornal A Razão. O jornalista João Freire gerenciava as empresas no estado e figurava como sócio cotista. Assim, em 1947, iniciou-se um longo processo, cujos autos atualmente se encontram sob a guarda do Memorial do Judiciário, requisitando que as rádios e o jornal passassem a ser reconhecidas como propriedade apenas dos Diários Associados. 
Perceber o contexto em que essa ação cível se desenrolou ajuda a destrinchar a teia das relações de poder que se formava por trás das aparências das empresas de comunicação. Cabe destacar que os detalhes desse processo são desconhecidos pela historiografia especializada. Nos livros consultados, não há qualquer citação a um caso semelhante, criando a imagem de que a inserção do Diários Associados no sul do País, ao menos na parte empresarial, ocorreu sem grandes percalços. Por si só, tal constatação é significativa. O Caso do Diários Associados contra João Freire foi deixado em segundo plano, apesar de ter ganho, no final do ano de 1946, espaço nas manchetes do Correio do Povo e o Diário de Notícias. Jogar luz sobre esse conflito judicial, pouco conhecido hoje, pode fornecer pistas para uma crítica mais aguçada da história do jornalismo rio-grandense.

DIA 06.06 – 9h30min às 12h10min

SALA B - AUDITÓRIO DO PALÁCIO DO MP

Coordenador: Memorial do MPRS


Perspectivas de Institucionalização e Legitimação I

1. Dimensões do governo subalterno da Ilha de Santa Catarina (1738-1821): história e historiografia.  
Augusto da Silva (UFS) (9h30min) ­ 

Apresento nessa comunicação um estudo extraído de minha tese de doutorado sobre a formação da unidade colonial da Ilha de Santa Catarina (depois expandida ao continente), de 1738, ano em que se criou nela um governo subordinado à capitania do Rio de Janeiro, até 1821, quando se tornou província independente. Primeiramente, busco identificar como, e em que contexto, a historiografia construiu a noção de “capitania de Santa Catarina”. Em seguida, com base na análise do vocabulário político utilizado pelas autoridades na documentação contemporânea, indago empiricamente quando, como e por quem as denominações de “governo”, “distrito”, “praça militar” e “capitania” foram utilizadas. Partindo do pressuposto de que algumas palavras carregam conceitos específicos, procuro identificar quais os sentidos que, não só os historiadores, mas também os diferentes agentes coloniais, no seu tempo, atribuíram àquele estabelecimento.


2. A trajetória administrativa do Marquês de Alegrete na capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul (1814-1818). 
Clarissa Prestes Medeiros (UFSM) (9h40min)

  
O trabalho objetiva apresentar um estudo acerca da trajetória do Marquês de Alegrete no período de sua administração como Governador e Capitão-General da Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul (1814-1818) e, a partir das relações sociais estabelecidas por ele, observar as estratégias de uma indivíduo em busca da inserção social e da continuidade política do Império Português. A trajetória administrativa do Marquês de Alegrete é fundamental para a compreensão das diferentes estratégias políticas e administrativas do Império Português. Sendo um português pertencente a nobreza, pode-se perceber em sua trajetória administrativa as características propostas pela Coroa portuguesa para a melhor governabilidade de seu Império ultramarino. Além disso, a trajetória administrativa do Marquês de Alegrete se faz presente em um período em que a sociedade ainda era marcada pelas práticas herdadas do Antigo Regime, as quais essa sociedade entendia e mantinha os meios para garantir uma posição na hierarquia econômica, social, política e mesmo administrativa. Assim, a partir das correspondências oficiais expedidas e recebidas, busca-se analisar as estratégias e as relações sociais estabelecidas pelo Marquês de Alegrete no período de sua administração na Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul (1814-1818).

3. O Regimento de Milicianos Guaranis a Cavalo: a participação militar dos índios durante as guerras de independência das colônias espanholas do rio da Prata (Notas sobre uma corporação indígena a serviço do Império Português, séc. XIX). 
Max Roberto Pereira Ribeiro (Unisinos) (9h50min) 


Esta comunicação trata da participação dos índios guaranis empregados na defesa do território missioneiro contra as investidas castelhanas provocadas pelo movimento de independência das colônias espanholas do rio da Prata, iniciado em 1810. Apresenta algumas características sócio-profissionais dos índios recrutados para o Regimento de Milicianos Guaranis a Cavalo, corporação criada pelo marechal Francisco das Chagas Santos, em 1810, com o propósito de obter uma força capaz de atuar na defesa dos domínios lusitanos na fronteira meridional. A partir de uma análise serial da Lista de Todas as Pessoas Empregadas na Fronteira de Missões (1810), e da Lista de Soldo a se Pagar ao Regimento Guarani (1812), combinando suas informações numa perspectiva nominal, traça o perfil ocupacional dos milicianos guaranis e da estrutura hierárquica da corporação. Evidencia a participação indígena no contingente militar utilizado pelo Império Português na defesa da fronteira, bem como, o impacto da guerra sobre a sociedade indígena missioneira. Mostra a importância da corporação para os índios como forma de alcançar ascensão e prestígio social.


4. O Gabinete Topográfico de São Paulo e sua atuação na formação de engenheiros construtores de estradas como instrumento de governo (1835-1849). 
José Rogério Beier (USP) (10h) 


Esta comunicação buscará reconstituir a história do Gabinete Topográfico de São Paulo (1835-1849), no âmbito da criação das Assembleias Legislativas Provinciais, em 1835. 
Tendo sido a primeira escola a conceder cartas de engenheiros construtores de estrada na província de São Paulo, a reconstituição da trajetória do Gabinete Topográfico é importante para se compreender melhor o desenvolvimento viário da província que se dá com maior vigor a partir da terceira década do século XIX, além da instituição ter desempenhado papel relevante na transição da engenharia militar para a engenharia civil em São Paulo. 
Partindo da análise da legislação provincial, de ofícios de agentes das diferentes administrações, bem como dos discursos dos presidentes da província, pretende-se demonstrar como essa instituição foi planejada pelo grupo dirigente provincial para ser um instrumento de governo da administração da província na medida em que seu principal objetivo era formar quadros aptos ao trabalho nas obras públicas, especialmente na construção e conservação de estradas. 
A comunicação também enfocará a reconstituição da formação oferecida pelo Gabinete Topográfico, destacando-se os livros e instrumentos utilizados durante as aulas, o programa de ensino do curso, seus exercícios práticos, bem como a identificação dos estudantes e o acompanhamento da vida profissional de alguns deles, após terem concluído o curso, na construção das tão desejadas estradas e demais obras públicas para o governo provincial.


5. Uma trajetória, muitas relações: o líder republicano Júlio Prates de Castilhos e seus correligionários. 
Carina Martiny (UFRGS) (10h10min) 

Esta comunicação trata dos correligionários do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) que apoiavam Júlio Prates de Castilhos entre 1889, ano da Proclamação da República no Brasil, até 1893 quando eclodiu a guerra civil que colocou em disputa por parte de republicanos e federalistas a hegemonia política no estado, culminado com a Revolução Federalista. Assim sendo, o objetivo da apresentação consiste em mostrar, através de inúmeras correspondências enviadas a Castilhos, um panorama das bases do poder do PRR, em todo o estado, formada por seus correligionários. Utilizando metodologia quantitativa, identifica o local de remetência destas correspondências, o que sinaliza a existência de uma ampla base de sustentação que garantia ao PRR assegurar seu poder no estado. Complementando a análise com uma abordagem qualitativa de algumas destas correspondências, apresenta a hipótese de que essa base de apoio local ao poder do PRR assentava-se em negociações e barganhas políticas entre as partes, sendo estas fundamentais para a afirmação do poder político dos republicanos no Rio Grande do Sul nos anos iniciais da República, quando o partido ainda não era numericamente hegemônico no estado.


Perspectivas de Institucionalização e Legitimação II



6. Comunicação com o público – atividade em construção. 
João Batista Santafé Aguiar (Memorial TJRS) (11h) 
Currículo Lattes: Não disponível


Mais do que mero ´interesse de aparecer´, a comunicação com a sociedade deve ser vista como dever profissional de quaisquer instituições do setor público. E as instituições de memória do nosso Estado estão neste contexto. Poucas são as que se utilizam com grande eficácia, por ´n´ motivos, dos meios colocados à disposição para informar e educar os cidadãos, para quem é dirigido todo o trabalho. Também são poucas as que mantêm contatos permanentes com as assessorias profissionais de comunicação dos organismos em que estão inseridos.  
O trânsito de informações entre as instituições de memória e a área de comunicação tem operado sempre em torno de cada fato. 
Na prática, é avaliado caso a caso se haverá ou não a divulgação. Por outro lado, dentro das próprias instituições de memória, o corpo diretivo e os servidores encontram dificuldades no relacionamento com os profissionais da área de comunicação ao deixar de enxergar maiores potencialidades na relação.  
O trabalho apresentará o que vem sendo realizado no Memorial do Judiciário do RS e também reflexões sobre as dificuldades e facilidades encontradas no dia-a-dia para melhor comunicar o que fazem as instituições da área de memória no Estado do RS.

7. Imagem e Poder: Apontamentos preliminares acerca do "Álbum dos Bandoleiros" da Revolução de 1923 no Rio Grande do Sul.
Rodrigo Dal Forno (UFRGS) (11h10min) 

A presente comunicação tem como objetivo traçar algumas reflexões e apontamentos acerca da pesquisa de dissertação de mestrado desenvolvida pelo autor junto ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob orientação do Prof. Dr. Luiz Alberto Grijó. A pesquisa tem como objetivo analisar de que forma o “Álbum dos Bandoleiros” pode ter sido utilizado como um instrumento político na disputa pelo poder no Rio Grande do Sul durante o final da I República.  
O álbum é uma coletânea de imagens e textos em homenagem à atuação das oposições durante o conflito armado de 1923. A publicação foi organizada e editada pelos proprietários da Revista Kodak, Fernando Barreto e Carlos Horácio Araújo, e lançada após o término da guerra civil. O intuito principal desta homenagem aos “bandoleiros” consistia em procurar reverter, como parte da luta simbólica então travada, o caráter depreciativo criado com respeito aos seus opositores pelos membros do Partido Republicano Rio-Grande durante a revolta armada, principalmente através das páginas jornal A Federação e do uso de adjetivos como “bandoleiros”. 


8. A trabalhadora porto-alegrense e os espaços criados pela Legislação Trabalhista.
Kate M. Schneider (UFRGS) (11h20min)


A caracterização do operariado brasileiro no decorrer do tempo tem constituído um problema para os pesquisadores do tema. Durante longo tempo acreditou-se que o perfil do trabalhador mantinha certa dualidade: estrangeiro e politizado na República Velha e rural e conformado no período pós Revolução de 30. Esta visão vem sendo contestada há algum tempo. Estudos mais atuais mostram uma continuidade na composição da classe operária, insistindo em uma composição mais plural. A maioria dos trabalhos sobre a questão baseia-se em dados qualitativos, utilizando minimamente as fontes quantitativas existentes, que quando usadas geralmente remetem ao número de sindicatos e à evolução da sindicalização oficial. 
Este trabalho propõe um estudo que trate da presença da trabalhadora porto-alegrense nos espaços criados pela legislação trabalhista implantada pelo governo de Getúlio Vargas entre 1930 e 1945. Além de buscar uma contextualização da participação da mão de obra feminina, pretende-se, através dos dados quantitativos da Delegacia Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul, traçar um perfil da trabalhadora gaúcha que buscava, através da Carteira de Trabalho, regulamentar-se no mercado de trabalho formal. Sem deixar de levar em conta o poder exercido por uma “ordem masculina” vigente, buscaremos observar os subterfúgios utilizados pelas mulheres enquanto trabalhadoras e suas estratégias diante da nova ordem que se impunha no mundo do trabalho, utilizando a seu favor uma legislação que, muito embora com o intuito de protegê-la, acabava vitimando-a e colocando entraves na sua entrada no mercado de trabalho formal.


9. As relações entre o Ministério do Trabalho e o Movimento Sindical: o caso do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre. 
Paula Cauduro Bianco (PUCRS) (11h30min) 


Esta pesquisa analisa de que modo e com quais objetivos as relações entre o Ministério do Trabalho e o Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre foram estabelecidas durante o período no qual João Goulart – também conhecido como Jango – esteve à frente dessa pasta, de junho de 1953 a fevereiro de 1954. 
A respeito da questão acima referida, observa-se que a historiografia aborda brevemente a respeito dessas relações nesse período. Destaca-se, sobretudo, a ênfase dada à atuação de Jango no sentido de priorizar a valorização do trabalhador, de modo a estimular o seu bom relacionamento com o governo, associando, dessa maneira, uma imagem positiva do ministro do Trabalho para com os trabalhadores. Ainda por essa mesma historiografia, tal postura governamental datava do início da década de 1950, por orientação do então presidente Getúlio Vargas. 
Nesse sentido, essa pesquisa, ao analisar a documentação do referido sindicato, busca melhor compreender como, de fato, se estabeleceram tais relações com o Ministério do Trabalho.